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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Pepe


Pepe foi largada no meu jardim quando morava na Cásper Líbero, foi a primeira a ser jogada pelos vizinhos, estava tão suja com os olhos lacrimejando... tão pobrezinha, parecia uma mendiga. Devia ter uns quatro meses e não havia sido bem cuidada.


Na época não tinha tantos gatos e ela ficou e nem se questionava se tinha doenças transmissíveis como hoje.
Sempre teve sequelas dos maus tratos que deve ter sofrido: logo depois apareceu com micose na cabeça, onde ficou com uma mancha branca que a acompanhou até os últimos dias,assim como a caspa que ficava pior quando estava estressada sendo um aviso quando não estava bem, assim como os olhos lacrimejando.


Chegou já sabendo para que servia a areia onde devia fazer suas necessidades...
Logo no início, não sabendo dos seus limites, foi comer da comida do Toffee e levou uma abocanhada na cabeça... ficou um dia internada para se ter ideia da gravidade do ferimento e possíveis consequências... por sorte não foi nada grave, mas durante as 24 horas que ficou internada não fez nenhuma das suas necessidades. Chegando em casa, correu para a caixa de areia e se aliviou... E esta característica a acompanhou sempre. Sem falar que também não comia fora de casa.


Sempre foi uma gata calma, sem muitos momentos de sapequice.
Os raros momentos de aventuras foi quando moramos na Av. Dom Pedro e ela pulava o muro para ir atrás dos passarinhos da casa com bosque. Mas voltava depois de muita preocupação.


Sempre teve uma característica diferente dos demais: corpo redondo, pernas finas, rosto magro...
Era bem redonda...


Por causa dela não tinha mais flores dentro de casa... ela comia tudo... principalmente violetas... não vingava uma.


Talvez... somente talvez fosse um sinal para a diabetes, ou porque comia flores ou porque parou de comê-las... mas um dia percebi que estava magra demais, e quando foi feito e exame de glicemia estava acima de 600, o que deixou o veterinário mais preocupado do que a mim. Afinal é tão fácil cuidar de diabetes, não? 
Não para uma gata. tão pequena e tão difícil encontrar a medida certa para a insulina. E começou um novo aprendizado: como lidar com a diabetes, tantos cuidados, tantos detalhes... onde um erro pode ser fatal. E muitos erros foram cometidos!


A tendência é nem sobreviver um ano após o diagnóstico. Sobreviveu quatro anos!


Mas... das sete vidas ela deixou umas três ou quatro pelo caminho...
O pior momento foi durante a mudança para a atual casa. Para não ter crise dei insulina antes de levá-la para a casa nova, mas ela não comeu o suficiente e ainda passou pelo estresse da mudança. Tudo errado... ainda não tinha percebido que a glicemia caia em momentos estressantes e aliado à falta de alimentação a glicemia dela caiu para zero, demorei para perceber que estava passando mal, meia noite... tinha esquecido o dinheiro na outra casa, o celular mal pegava na casa nova... e ela passando mal, dei açúcar e nada de melhorar, dei comida e nada de melhorar, quando o táxi chegou ela já estava agonizando, quando finalmente cheguei no veterinário ela já estava em estado de óbito e o médico conseguiu ressuscitá-la. Naquele hospital 24 horas super caro... Mas ela renasceu! Ficou internada, deu uma leve recuperação e não comia lá. Quando fui visitá-la dava tanta pena deixá-la, mas também não podia ir embora com a mudança ainda acontecendo. Ruim lá, pior em casa, pelo menos estaria sendo monitorada. Foi embora no dia seguinte porque não comia. Depois disso, adaptou-se na nova casa sem problemas por mais um ano.


Um ano depois começa a passar mal novamente. Para de comer e a glicemia começa a oscilar. Fica internada uns dias e quando volta para casa seria para morrer, não estava bem... Mas, o segredo devia estar na casa, porque quando voltou foi melhorando, foi voltando a comer e a glicemia foi aumentando. Ela ficava bem com a glicemia alta, acho que sempre foi alta e o corpo se adaptou. 
E ficou bem por dois anos... E aí a gente entra na zona de conforto e não percebe pequenos detalhes... um grande perigo!
48 horas depois do falecimento da Felícia, ela começa a passar mal, num domingo... 
Começa novamente todo o processo de tratamento, sequelas devido à crise convulsiva, tomou remédio inadequado, porque não se sabia do fígado, que estava se deteriorando... 17 dias depois falece... com 16 anos e quatro deles com diabetes!


Grande fã de uma caixa... não podia ver uma que já tomava posse.
Nesta casa adotou um cantinho especial, em cima de uma caixa na cozinha. Passava o dia inteiro lá, só saia quando estava muito frio e procurava um cantinho mais quente, de preferência com uma coberta de lã, ou no meu colo quando ficava vendo TV. 
Quando percebia que estava sozinha começava a miar desesperadamente para que se fosse falar com ela. Quando chegava perto... ela parava e fazia a maior cara de paisagem do tipo, o que foi? Em dias de tempestade também fazia a mesma coisa. Não gostava de trovões! 


05/03/2000 - 17/05/2016

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