No dia 29 de maio perdi a Felícia! 18 anos 7 meses e 24 dias!
A Felícia nasceu em casa... depois dela todos os gatos que tive e tenho ou foram jogados no meu quintal ou encontrei na rua.
Com duas semanas de vida ela perdeu a mãe, que saiu para dar um passeio e não voltou. Provavelmente algum vizinho a matou.
Era a Felícia, mais três irmãos: a Amora que faleceu quatro anos atrás, a Zazá que perdi antes de completar um ano: também foi dar um passeio e não voltou, e o Jedi que perdi uma semana depois de castrá-lo... foi dar um passeio no quintal e provavelmente a vizinha deu um fim nele ao se aventurar no espaço dela.
Depois de perder o Jedi tomei uma decisão radical... prendi os gatos dentro de casa, não saiam mais, quando saiam era com cerrada vigilância para não irem para a casa da vizinha. Cansei de perdê-los desta forma... ficava desesperada procurando por eles, revirava até sacos de lixo para ver se encontrava os corpos deles. Nada. Sumiam!
Assim nunca mais perdi um gato para vizinho.
Agora perco-os para a velhice.
Assim que a mãe da Felícia não voltou, a Meg, a minha primeira cachorrinha, uma poodle, que sofria de carência maternal, entrou dentro da caixa dos gatinhos e adotou-os... imediatamente, deixava que eles mamassem mesmo não tendo leite.
Em 1997 não havia toda essa tecnologia que tem hoje, mamadeiras para filhotes, leite específico para gatos...
Eles foram alimentados com leite para recém nascido até começarem a comer sozinhos. e a Meg cuidou deles zelosamente!
A Felícia mamou até os dois, três anos... até a Meg começar a ficar doente... Ficava horas amassando a barriga da mãe e depois mamava (era como se fosse adepta da chupeta porque não havia leite). Acredito que criou uma crise de identidade: ela e a Amora achavam-se cachorros.
Felícia, Tantor e Amora (já falecidos); Fox, Olívia e Nina |
Quando pequena entrou numa gaveta que havia deixado aberta, não percebi... fechei a gaveta, fui trabalhar... seis horas depois volto e ouço aquele miado longe, insistente... até perceber que vinha da gaveta e encontrá-la lá desesperada.
Nunca mais entrou dentro de uma gaveta.
Quando ela tinha um ano mudamos para uma casa com quintal enorme, cheio de árvores e que provavelmente estava vazia há algum tempo porque havia muitos ninhos de passarinhos nas árvores. A Felícia foi uma das que fez uma carnificina no quintal, destruiu todos os ninhos. Depois descobriu que tinha mais no telhado, subiu lá e dizimou todos os ninhos. Um verdadeiro massacre.
A princípio, nesta casa, até dava umas voltas na casa da vizinha assassina, mas voltava quando chamada, depois que os passeios passaram a ser controlados ficava no seu próprio quintal... o tempo das aventuras findaram...
Gostava mesmo de dormir... o dia inteiro... levantava para comer e já ia procurar um canto quentinho para dormir.
De preferência dormir em grupo... é mais gostoso e mais quente!
Ou um vaso ao sol...
(as melhores fotos são dela ao sol dentro de um vaso)
Sempre gastei muito com ração... então um dia, anos atrás... a Dona Maria, dona do pet shop, me indicou uma ração de 7 reais, de excelente qualidade, segundo ela. Levei para experimentar...
Foram os 7 reais mais caros da minha vida.
Não demorou muito, a Felícia, para mostrar que algo estava errado, parava na minha frente e fazia uma gota de xixi, a princípio não entendia o que estava acontecendo, até que começou a sair sangue.
Lá vai eu correndo para o veterinário... lembro que já era noite (naquela época o dr. Marcelo ainda atendia mais tarde) e o diagnóstico foi pedra nos rins.
Os 7 reais se transformaram em consultas, antibióticos, anti-inflamatórios e ração específica para evitar pedras (uma das mais caras)...
Anos depois, achando que ela já estava curada, cometi o mesmo erro... e tudo voltou... igualzinho...
Ela parava aos meus pés e fazia uma gotinha e xixi...
Lá vai eu correndo de novo ao médico...
E o mesmo diagnóstico...
E nunca mais ração barata no cardápio!
Finalmente aprendi que quanto mais cara a ração menos gasto no veterinário!
Ano passado foi o ano das artes...
Ela decidiu que o sofá era o lugar perfeito para fazer xixi e fez dali o seu banheiro. E não tinha como fazê-la parar (dizem que gatos idosos podem ter algo parecido com Alzheimer - pode ter sido por isso). Foi preciso adaptar colocando tapete higiênico.
Até que um dia... quando eu tinha acabado de limpar tudo ela fez sujeira... dei uma bronca tão grande e ela ficou me olhando com total incompreensão e de repente foi como se ela tivesse um vislumbre de que o que fazia era errado, saiu correndo e parou de fazer xixi no sofá)!
E quando ela começava a miar desesperadamente... eu saia correndo para ver o que estava acontecendo e ela me olhava e é como se falasse: eu quero carinho... faz cafuné! No meio da noite, durante o dia... não tinha hora.
Também fazia isso quando eu ia desligar a televisão... levantava da sua zona de conforto e começava a miar... não esquece de me fazer carinho!!!
Quando ela estava com quinze anos achei melhor fazer um hemograma para não ter surpresas desagradáveis mais tarde.
Ela já estava desenvolvendo falência renal, problema típico em gatos. Ainda estava no início, então comecei com homeopatia que já havia dado certo no Teddy.
Não sei até que ponto o remédio fez efeito. Não voltei a fazer outro hemograma, judia muito do animal, precisa tirar sangue do pescoço. Mas ela continuou por mais três anos.
Todo início de ano eu ficava imaginando se seria o último dela.
Afinal, 16 anos é a média máxima aqui em casa.
O Teddy tinha ultrapassado com 17, mas somente ele.
Vomitou, teve diarreia, tossiu, nariz congestionado... tudo era uma correria para o médico. Cuidados e mais cuidados!
Mas... ela foi começando a emagrecer... cada vez mais e mais.
Em janeiro deste ano era só pele e osso.
Neste mês começou a comer compulsivamente, poderia ser hipertireoidismo - mas para que ter certeza se é evidente o fim?
Não podia me ver indo para a cozinha que já se postava em frente à geladeira para que eu pudesse dar comida e quando a abria até tentava entrar. E não podia ser comida velha, tinha que ser patê e em lata recém aberta. E de preferência sabores novos. Praticamente a Cobasi me via quase todos os dias atrás de comida nova, e cada uma mais cara que a outra.
Mesmo muito debilitada estava atrás de mim para que eu abrisse a geladeira, necessário o maior cuidado para não pisar nela.
Continuou comendo mesmo quando parou de beber água (não conseguia mais)... o que prolongou um pouco mais o seu tempo.
Aguentou a insuportável onda de calor, mas foi vencida pelo frio. Faleceu no segundo dia de inverno polar que nos atacou. Mesmo tentando mantê-la aquecida ela não resistiu!
Ainda não me acostumei com o vazio deixado no sofá!
Da procura pelo calor do meu colo!
5/9/1997 - 29/4/16
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