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terça-feira, 26 de julho de 2016

Condição da existência...

Mas esta é a própria condição da existência.


Para se tornar primavera, significa aceitar o risco de inverno.


Para tornar-se esperança, significa aceitar o risco de ausência.


Antoine de Saint-Exupéry

Segue o teu destino


Segue o teu destino


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas
O resto é a sombra
De árvores alheias.


A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos


Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Fernando Pessoa


Florada Ipê-roxo - Jardim Sindona
julho 2016

Recomeça


Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Cora Coralina

Buda: Quatro nobres verdades

Quatro nobres verdades no Budismo:


1. No mundo há sofrimento - físico ou mental.


2. O sofrimento provém do apego excessivo aos nossos desejos. 


3. Eliminando a causa - o apego -, podemos eliminar o sofrimento.


4. Para eliminar a causa: um método chamado Senda Óctupla, um guia do comportamento e dos pensamentos certos. Conduz a uma vida de sabedoria, virtude e disciplina mental com a utilização da meditação.



segunda-feira, 25 de julho de 2016

Florescer

O florescer de uma orquídea!
 O dia a dia de uma Blc Nobile's Blush















 




 


Carlos Sallaberry

14/02/1956 - 04/06/2016

Algumas pessoas não deveriam partir tão cedo porque possuem qualidades, conhecimentos e valores inestimáveis e insuperáveis... cuja ausência não será fácil de repor... 
Uma dessas pessoas é Carlos Sallaberry, uma pessoa com incrível conhecimento de Tai Chi Chuan e com um dom magnífico para a acupuntura.


Eu comecei a treinar Tai Chi em 1989 e foi a primeira vez que me envolvi de corpo e alma com uma atividade física - foi a primeira prática física que consegui fazer sem me sentir uma total incompetente e traumatizada. Começava aos poucos, respeitando as limitações, principalmente ao aprender a sequência - um passo por dia, até memorizá-lo. Na época, ainda trabalhava no Banco e ia ao banheiro para ficava treinando. 
Logo depois saí do Banco, e nunca tinha pensado nisso, mas talvez o treinamento tivesse me dado coragem de sair de um serviço que me deixava infeliz. Presenciei vários alunos tomando decisões que poderiam ser consideradas radicais após começarem o treinamento.
Então, comecei a treinar de manhã, à tarde e à noite. Normalmente ia em dois horários, quando não nos três... e nos sábados e até nas atividades aos domingos.
Eu adorava aquele lugar! Adorava o treinamento!
Uma das atividades era aplicar o treinamento em caminhadas... e o Pico do Jaraguá era o principal lugar para a prática. 
Fiz tanta caminhada no Pico que perdi a conta...
Às vezes, todo mundo junto ou em grupos separados para que os alunos avançados aprendessem a liderar e cuidar de um grupo.
Aprendi a não deixar família e amigos juntos para não criar dependência; onde o guia devia respeitar o ritmo dos demais e esperar; havia um líder que fechava o grupo ficando responsável pela retaguarda. Participava crianças e idosos junto com os jovens e todos se saíam bem. Nunca houve um acidente ou problema sério. Eu gostava de puxar - ficar na frente, me irritava ser a última. E eu tinha e ainda tenho o péssimo hábito de me perder. Simplesmente me perco, por mais que faça o mesmo caminho. Felizmente sempre me encontro. Mas é ao me perder que faço descobertas e os caminhos que tomava eram emocionantes. Imagino o quanto o Carlos ficava desesperado atrás de mim. 
Uma vez, era um treinamento mais avançado e ele orienta para seguir um outro caminho - pronto, me perdi novamente. Eu e mais três garotas descendo e subindo rocha e morro. Até que cheguei num ponto que conhecia e segui. No final, o Carlos desesperado porque não chegávamos e ele não conseguia nos encontrar. E eu chegando toda feliz porque achei o máximo do caminho que fiz!
Era sempre assim... ele nos incitava a sair da zona de conforto, a superar limites e depois ficava preocupado se algo desse errado. 
Fazer caminhadas foi onde aprendi definitivamente a respeitar o espaço, a natureza, a conhecer meus limites, a respeitar o próximo! 


Com o Carlos treinei exaustivamente, me apresentei em público, subi e escalei montanhas, atravessei uma gruta rastejando por um túnel e viajei bastante. Experimentei os meus limites e superei-os. Foi a melhor época da minha vida!
Que parou porque a minha mãe estava doente e precisei me dedicar mais a ela e depois eu precisava trabalhar para pagar contas e passei a trabalhar nos mesmo períodos em que treinava... e o tempo foi passando e eu sempre me dizendo que volto a treinar logo... e o tempo passando... e mais de 20 anos se foram e não voltei a treinar... e o Carlos se foi... a genética do coração foi mais forte apesar de todo treinamento! 
Esporadicamente o encontrava e colocava a conversa em dia. Por isso, não me dei conta do tempo passando, parecendo que foi ontem que parei de treinar...
Mas, nada foi perdido... até hoje, em alguns momentos ainda treino a sequência (que nem é mais a mesma), ainda faço os exercícios de alongamento e de tai chi, mas não é a mesma coisa, não tenho a mesma disciplina que tinha na academia. Mesmo depois de 20 anos ainda me lembro do treinamento, que se deve pela forma como foi aplicado - exaustiva repetição para corrigir erros, principalmente de postura. 
Superei um pouco a timidez, o suficiente para me impor em algumas situações; aprendi a enfrentar alguns desafios e não permitir que eles me vencessem; aprendi que não gosto de holofotes, prefiro estar liderando em segundo plano. Talvez, eu já fosse naturalmente organizada, mas o treinamento intensificou e aflorou este meu lado!
O Carlos foi um divisor de águas na minha vida. Nem consigo imaginar que caminhos teria ido se ele não a tivesse cruzado. E somente hoje, com a perda dele, reflito sobre a enorme importância que ele teve!











Pepe


Pepe foi largada no meu jardim quando morava na Cásper Líbero, foi a primeira a ser jogada pelos vizinhos, estava tão suja com os olhos lacrimejando... tão pobrezinha, parecia uma mendiga. Devia ter uns quatro meses e não havia sido bem cuidada.


Na época não tinha tantos gatos e ela ficou e nem se questionava se tinha doenças transmissíveis como hoje.
Sempre teve sequelas dos maus tratos que deve ter sofrido: logo depois apareceu com micose na cabeça, onde ficou com uma mancha branca que a acompanhou até os últimos dias,assim como a caspa que ficava pior quando estava estressada sendo um aviso quando não estava bem, assim como os olhos lacrimejando.


Chegou já sabendo para que servia a areia onde devia fazer suas necessidades...
Logo no início, não sabendo dos seus limites, foi comer da comida do Toffee e levou uma abocanhada na cabeça... ficou um dia internada para se ter ideia da gravidade do ferimento e possíveis consequências... por sorte não foi nada grave, mas durante as 24 horas que ficou internada não fez nenhuma das suas necessidades. Chegando em casa, correu para a caixa de areia e se aliviou... E esta característica a acompanhou sempre. Sem falar que também não comia fora de casa.


Sempre foi uma gata calma, sem muitos momentos de sapequice.
Os raros momentos de aventuras foi quando moramos na Av. Dom Pedro e ela pulava o muro para ir atrás dos passarinhos da casa com bosque. Mas voltava depois de muita preocupação.


Sempre teve uma característica diferente dos demais: corpo redondo, pernas finas, rosto magro...
Era bem redonda...


Por causa dela não tinha mais flores dentro de casa... ela comia tudo... principalmente violetas... não vingava uma.


Talvez... somente talvez fosse um sinal para a diabetes, ou porque comia flores ou porque parou de comê-las... mas um dia percebi que estava magra demais, e quando foi feito e exame de glicemia estava acima de 600, o que deixou o veterinário mais preocupado do que a mim. Afinal é tão fácil cuidar de diabetes, não? 
Não para uma gata. tão pequena e tão difícil encontrar a medida certa para a insulina. E começou um novo aprendizado: como lidar com a diabetes, tantos cuidados, tantos detalhes... onde um erro pode ser fatal. E muitos erros foram cometidos!


A tendência é nem sobreviver um ano após o diagnóstico. Sobreviveu quatro anos!


Mas... das sete vidas ela deixou umas três ou quatro pelo caminho...
O pior momento foi durante a mudança para a atual casa. Para não ter crise dei insulina antes de levá-la para a casa nova, mas ela não comeu o suficiente e ainda passou pelo estresse da mudança. Tudo errado... ainda não tinha percebido que a glicemia caia em momentos estressantes e aliado à falta de alimentação a glicemia dela caiu para zero, demorei para perceber que estava passando mal, meia noite... tinha esquecido o dinheiro na outra casa, o celular mal pegava na casa nova... e ela passando mal, dei açúcar e nada de melhorar, dei comida e nada de melhorar, quando o táxi chegou ela já estava agonizando, quando finalmente cheguei no veterinário ela já estava em estado de óbito e o médico conseguiu ressuscitá-la. Naquele hospital 24 horas super caro... Mas ela renasceu! Ficou internada, deu uma leve recuperação e não comia lá. Quando fui visitá-la dava tanta pena deixá-la, mas também não podia ir embora com a mudança ainda acontecendo. Ruim lá, pior em casa, pelo menos estaria sendo monitorada. Foi embora no dia seguinte porque não comia. Depois disso, adaptou-se na nova casa sem problemas por mais um ano.


Um ano depois começa a passar mal novamente. Para de comer e a glicemia começa a oscilar. Fica internada uns dias e quando volta para casa seria para morrer, não estava bem... Mas, o segredo devia estar na casa, porque quando voltou foi melhorando, foi voltando a comer e a glicemia foi aumentando. Ela ficava bem com a glicemia alta, acho que sempre foi alta e o corpo se adaptou. 
E ficou bem por dois anos... E aí a gente entra na zona de conforto e não percebe pequenos detalhes... um grande perigo!
48 horas depois do falecimento da Felícia, ela começa a passar mal, num domingo... 
Começa novamente todo o processo de tratamento, sequelas devido à crise convulsiva, tomou remédio inadequado, porque não se sabia do fígado, que estava se deteriorando... 17 dias depois falece... com 16 anos e quatro deles com diabetes!


Grande fã de uma caixa... não podia ver uma que já tomava posse.
Nesta casa adotou um cantinho especial, em cima de uma caixa na cozinha. Passava o dia inteiro lá, só saia quando estava muito frio e procurava um cantinho mais quente, de preferência com uma coberta de lã, ou no meu colo quando ficava vendo TV. 
Quando percebia que estava sozinha começava a miar desesperadamente para que se fosse falar com ela. Quando chegava perto... ela parava e fazia a maior cara de paisagem do tipo, o que foi? Em dias de tempestade também fazia a mesma coisa. Não gostava de trovões! 


05/03/2000 - 17/05/2016

domingo, 22 de maio de 2016

Felícia


No dia 29 de maio perdi a Felícia! 18 anos 7 meses e 24 dias!


A Felícia nasceu em casa... depois dela todos os gatos que tive e tenho ou foram jogados no meu quintal ou encontrei na rua.


Com duas semanas de vida ela perdeu a mãe, que saiu para dar um passeio e não voltou. Provavelmente algum vizinho a matou. 
Era a Felícia, mais três irmãos: a Amora que faleceu quatro anos atrás, a Zazá que perdi antes de completar um ano: também foi dar um passeio e não voltou, e o Jedi que perdi uma semana depois de castrá-lo... foi dar um passeio no quintal e provavelmente a vizinha deu um fim nele ao se aventurar no espaço dela.


Depois de perder o Jedi tomei uma decisão radical... prendi os gatos dentro de casa, não saiam mais, quando saiam era com cerrada vigilância para não irem para a casa da vizinha. Cansei de perdê-los desta forma... ficava desesperada procurando por eles, revirava até sacos de lixo para ver se encontrava os corpos deles. Nada. Sumiam!
Assim nunca mais perdi um gato para vizinho. 
Agora perco-os para a velhice.


Assim que a mãe da Felícia não voltou, a Meg, a minha primeira cachorrinha, uma poodle, que sofria de carência maternal, entrou dentro da caixa dos gatinhos e adotou-os... imediatamente, deixava que eles mamassem mesmo não tendo leite. 
Em 1997 não havia toda essa tecnologia que tem hoje, mamadeiras para filhotes, leite específico para gatos...
Eles foram alimentados com leite para recém nascido até começarem a comer sozinhos. e a Meg cuidou deles zelosamente!


A Felícia mamou até os dois, três anos... até a Meg começar a ficar doente... Ficava horas amassando a barriga da mãe e depois mamava (era como se fosse adepta da chupeta porque não havia leite). Acredito que criou uma crise de identidade: ela e a Amora achavam-se cachorros.

Felícia e Amora

A Felícia foi batizada com este nome por causa da personagem da Turma do Pernalonga... aquela menina que abraça, aperta até sufocar os bichinhos.
A Felícia era tão fofinha, uma bolinha de pelos colorida que dava vontade de apertar, abraçar... de não largar mais... Foi um nome que se encaixou perfeitamente!
Felícia, Tantor e Amora (já falecidos); Fox, Olívia e Nina
Quando pequena entrou numa gaveta que havia deixado aberta, não percebi... fechei a gaveta, fui trabalhar... seis horas depois volto e ouço aquele miado longe, insistente... até perceber que vinha da gaveta e encontrá-la lá desesperada.
Nunca mais entrou dentro de uma gaveta.


Quando ela tinha um ano mudamos para uma casa com quintal enorme, cheio de árvores e que provavelmente estava vazia há algum tempo porque havia muitos ninhos de passarinhos nas árvores. A Felícia foi uma das que fez uma carnificina no quintal, destruiu todos os ninhos. Depois descobriu que tinha mais no telhado, subiu lá e dizimou todos os ninhos. Um verdadeiro massacre.
A princípio, nesta casa, até dava umas voltas na casa da vizinha assassina, mas voltava quando chamada, depois que os passeios passaram a ser controlados ficava no seu próprio quintal... o tempo das aventuras findaram...


Gostava mesmo de dormir... o dia inteiro... levantava para comer e já ia procurar um canto quentinho para dormir.


De preferência dormir em grupo... é mais gostoso e mais quente!



Ou um vaso ao sol...
(as melhores fotos são dela ao sol dentro de um vaso)


Sempre gastei muito com ração... então um dia, anos atrás... a Dona Maria, dona do pet shop, me indicou uma ração de 7 reais, de excelente qualidade, segundo ela. Levei para experimentar...


Foram os 7 reais mais caros da minha vida. 
Não demorou muito, a Felícia, para mostrar que algo estava errado, parava na minha frente e fazia uma gota de xixi, a princípio não entendia o que estava acontecendo, até que começou a sair sangue.


Lá vai eu correndo para o veterinário... lembro que já era noite (naquela época o dr. Marcelo ainda atendia mais tarde) e o diagnóstico foi pedra nos rins. 
Os 7 reais se transformaram em consultas, antibióticos, anti-inflamatórios e ração específica para evitar pedras (uma das mais caras)... 


Anos depois, achando que ela já estava curada, cometi o mesmo erro... e tudo voltou... igualzinho...
Ela parava aos meus pés e fazia uma gotinha e xixi...
Lá vai eu correndo de novo ao médico...
E o mesmo diagnóstico...
E nunca mais ração barata no cardápio!
Finalmente aprendi que quanto mais cara a ração menos gasto no veterinário!


Ano passado foi o ano das artes... 
Ela decidiu que o sofá era o lugar perfeito para fazer xixi e fez dali o seu banheiro. E não tinha como fazê-la parar (dizem que gatos idosos podem ter algo parecido com Alzheimer - pode ter sido por isso). Foi preciso adaptar colocando tapete higiênico. 
Até que um dia... quando eu tinha acabado de limpar tudo ela fez sujeira... dei uma bronca tão grande e ela ficou me olhando com total incompreensão e de repente foi como se ela tivesse um vislumbre de que o que fazia era errado, saiu correndo e parou de fazer xixi no sofá)!


E quando ela começava a miar desesperadamente... eu saia correndo para ver o que estava acontecendo e ela me olhava e é como se falasse: eu quero carinho... faz cafuné! No meio da noite, durante o dia... não tinha hora.
Também fazia isso quando eu ia desligar a televisão... levantava da sua zona de conforto e começava a miar... não esquece de me fazer carinho!!!


Quando ela estava com quinze anos achei melhor fazer um hemograma para não ter surpresas desagradáveis mais tarde.
Ela já estava desenvolvendo falência renal, problema típico em gatos. Ainda estava no início, então comecei com homeopatia que já havia dado certo no Teddy.
Não sei até que ponto o remédio fez efeito. Não voltei a fazer outro hemograma, judia muito do animal, precisa tirar sangue do pescoço. Mas ela continuou por mais três anos.


Todo início de ano eu ficava imaginando se seria o último dela. 
Afinal, 16 anos é a média máxima aqui em casa.
O Teddy tinha ultrapassado com 17, mas somente ele.


Vomitou, teve diarreia, tossiu, nariz congestionado... tudo era uma correria para o médico. Cuidados e mais cuidados!


Mas... ela foi começando a emagrecer... cada vez mais e mais.
Em janeiro deste ano era só pele e osso.
Neste mês começou a comer compulsivamente, poderia ser hipertireoidismo - mas para que ter certeza se é evidente o fim?


Não podia me ver indo para a cozinha que já se postava em frente à geladeira para que eu pudesse dar comida e quando a abria até tentava entrar. E não podia ser comida velha, tinha que ser patê e em lata recém aberta. E de preferência sabores novos. Praticamente a Cobasi me via quase todos os dias atrás de comida nova, e cada uma mais cara que a outra.


Mesmo muito debilitada estava atrás de mim para que eu abrisse a geladeira, necessário o maior cuidado para não pisar nela.
Continuou comendo mesmo quando parou de beber água (não conseguia mais)... o que prolongou um pouco mais o seu tempo.
Aguentou a insuportável onda de calor, mas foi vencida pelo frio. Faleceu no segundo dia de inverno polar que nos atacou. Mesmo tentando mantê-la aquecida ela não resistiu!


Ainda não me acostumei com o vazio deixado no sofá! 
Da procura pelo calor do meu colo!


5/9/1997 - 29/4/16