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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Diários de Motocicleta

No segundo semestre, meus alunos assistiram ao filme "Diários de Motocicleta", depois solicitei um relatório onde poderiam narrar a história da forma como entenderam. Recebi trabalhos com uma única frase, com um parágrafo, com meia página, pouquíssimos com uma página cheia. Reclamei com os alunos da preguiça que os cerca, impossível um filme em que tantos fatos ocorreram eles não se lembrassem de nada. Um aluno me desafiou a escrever mais de uma página - mesmo sabendo que sendo eu a professora deveria saber mais que eles. Mas o garoto tinha certeza de que não havia assunto para mais de uma página. Escrevi três, e poderia ter colocado mais...
Segue-se abaixo o meu texto:


O filme relata a história de Ernesto Guevara e Alberto Granado e de uma viagem que fizeram da Argentina à Venezuela, boa parte de motocicleta.
Em janeiro de 1952, Ernesto - estudante de medicina já no fim do curso e com asma, e Alberto - bioquímico, iniciam sua jornada com alguns objetivos: conhecer a América Latina, chegar ao leprosário de San Pablo (porque Ernesto desejava se especializar no tratamento da lepra) e comemorar os 30 anos de Alberto.
A bordo da motocicleta - A Poderosa - eles descem a Argentina em direção à Patagônia, onde visitam Chichina, a namorada de Fuser (apelido de Ernesto). Em seguida, sobem em direção ao Chile, seguindo a borda da Cordilheira dos Andes.
Muitas são as paradas, principalmente ocasionadas pelas quedas da moto, que precisa constantemente de consertos.
Perdem a barraca durante uma tempestade, a comida acaba, o dinheiro também. Ainda no Chile começam a pedir abrigo e alimento para os moradores locais que encontram pelo caminho.
Alguns ajudam, outros não. A postura de Alberto nem sempre ajuda - mentir para conseguir favores, em confronto com a extrema sinceridade de Ernesto.
Às vezes, quando a situação fica insuportável Ernesto participa dos "jogos" para conseguir algo, como publicar em um jornal local a história de famosos médicos em viagem pela América. Assim, eles conseguem consertar a moto sem pagar um centavo, ainda comer e participar de festas.
Ainda no Chile eles perdem a Poderosa, que não aguentou tantas quedas.
Seguem a viagem à pé. Assim chegam ao Deserto de Atacama, conhecem a realidade dos mineiros - o primeiro contato com um povo que é explorado por grandes proprietários, o primeiro contato com a miséria extrema.
Conhecem a realidade dos pequenos agricultores, que perdem suas terras e plantações para os grandes proprietários. Mas como disse um deles: "é necessário seguir em frente, porque tenho filhos para sustentar, não posso ficar preso ao passado."
No Chile conhecem a antiga cidade construída pelos incas, entram em contato com mulheres quichuas e as suas necessidades de trabalhar, a ausência de estudo...
Ficam assombrados com Machu Picchu e com a capacidade dos povos antigos em construírem imensa obra para, nos dias atuais, estarem imersos na miséria e caos urbano.
Com fome, roupas rasgadas, sem dinheiro chegam à Lima onde encontram o médico, especialista em lepra, mas que também apresenta-os aos problemas indígenas.
O médico os acolhe, oferece roupa, dinheiro, alimento e estágio no hospital. Partem enfim para a ilha de San Pablo, onde há um leprosário que atende não só à população do país, mas também aos países vizinhos.
São duas ilhas: a do norte, aloja médicos, enfermeiras, freiras e funcionários - os sãos; a do sul, abriga 600 pacientes em tratamento - os doentes.
Pacientes que devido ao preconceito perdem trabalho e família, na ilha criam uma comunidade: constroem casas, plantações, criam animais.
A sinceridade, a humildade e o desapego a normas fazem com que Ernesto conquiste a todos facilmente. Alberto conquista pelas brincadeiras e despojamento. Ernesto ouve, reflete e no silêncio suas ideias vão amadurecendo. No dia de seu aniversário, no discurso em meio à festa Ernesto lança suas primeiras reflexões. Alberto percebe a mudança... o amigo não é mais o mesmo. Tanto que, Ernesto faz questão de passar seu aniversário no lado dos doentes, atravessando a nado o rio. 
Saem do Peru em uma barca e pelo rio atravessam a Colômbia até chegarem na Venezuela. Alberto aceita um trabalho em Caracas, e Ernesto volta de avião.
Ao despedirem-se Ernesto já não sabe se terminará o curso de medicina. Ele presenciou muitas injustiças e tem muito em que pensar.
De médico de homens ele se transformará em médico de almas.



  

Um comentário:

  1. O filme é mesmo excelente para uma boa reflexão sobre as injustiças e as ações positivas.

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