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sábado, 2 de junho de 2018

Babi

BABI
22/09/2002 - 05/01/2018


Dia de chuva e frio, de repente, no ponto de ônibus, uns sons de miados... procuro e encontro dois gatinhos pretos tentando se esconder na roda de um carro em busca de calor.
Tirei da rua, coloquei perto de um portão e fui trabalhar. E não parei de pensar neles, devia ter deixado no pet shop, ali perto. O inquilino que mora dentro da minha cabeça começou a me incomodar, então na hora do almoço voltei para o ponto de ônibus para ver o que tinha sido feito dos gatinhos (ainda trabalhava no Brito - Vila Yara), e encontrei eles procurando pelo calor de um carro. Depois de muito custo consegui pegá-los e levei-os para casa. 


Mas, eu já estava atrasada, então coloquei-os dentro de um caixote de madeira bem alto e fui trabalhar. Voltei à noite e enquanto abria o portão uma moça vem ao me encontro, angustiada, porque viu dois gatinhos fugindo da minha casa e não conseguiu pegá-los.
Tudo bem, disse eu. Já tinha gatos demais e não estava ansiosa para mais e teria que doá-los. Mas, a moça insistiu em procurá-los, e lá fomos nós olhar debaixo dos carros... e encontramos, novamente em cima de uma roda tentando se aquecer. 


Estavam imundos de graxa: uma fêmea parecendo uma bolinha de pelos preta e um macho (o Fox) preto comum. Dei um banho para tirar toda aquela sujeira. No dia seguinte procurei o pet shop e para minha surpresa três ninhadas de gatinhos tinham sido colocados na frente da loja no dia anterior e eles não tinham condições de pegar mais. Então, eles ficaram. Tentei doar, todos queriam a fêmea bonitinha, peludinha. Ninguém queria o macho. Então estipulei que seriam adotados juntos. Estavam juntos na rua, fugiram juntos, se protegiam juntos, não seriam separados. Assim, ninguém quis e eles ficaram comigo. Isso foi há 16 anos atrás. 


Eram tão pequenininhos que passavam pelo vão da porta. Deviam ter no máximo, dois meses. 
Não sei como começou... mas a Babi tinha um medo absurdo de estranhos. Qualquer barulho ou pessoa que aparecesse em casa ela corria a se esconder. E como era difícil encontrá-la depois. Ela entrava por baixo dos cobertores ou da colcha e se esparramava de forma que ficava quase invisível. Quantas vezes escapou de morrer com a cabeça esmagada porque não se via ela na cama e quase sentava na cabeça dela.


Esse medo se intensificou quando um dia, ao tentar 'roubar' a comida do Toffee, ele abocanhou a cabeça dela e produziu uns ferimentos bem feios, o veterinário precisou ir em casa (já era noite) e a levou para examinar melhor os ferimentos. Não foi nada profundo, mas o trauma ficou. Pessoas da família nem a conheciam.


A partir dos 10 anos ela precisou ser tosada, o pelo cresceu tanto - e ela não deixava pentear - que formou dreads. Às vezes, eu cortava as pelotas que se formavam, mas ficava um serviço muito mal feito. Para ser tosada tinha que ser sedada. Fez três tosas, depois já estava em uma idade em que a anestesia passou a ser perigosa.


A partir do ano retrasado, quando ficava estressada ou ansiosa pela presença de estranhos começava a ofegar, não respirava direito. Sair de casa, nem pensar, passava mal do mesmo jeito, até o veterinário ficava assustado.


No mês de abril de 2017, estava muito magra e a levei para os exames de rotina, 15 anos, já era para ficar preocupada com o estado de saúde, mas os resultados foram normais. Aparentemente não havia nada de errado. Duas semanas depois voltou com dificuldade para respirar. Água envolvia o pulmão. Fez uma punção a frio, pois uma anestesia provocaria uma parada cardíaca fulminante. Os exames posteriores foram negativos para a busca de um tumor, mas, apareceu um pequeno problema no coração. Começou um tratamento para 'secar' a água que envolvia o pulmão...  


Em outubro foi confirmado um tumor de mama, mas não era maligno pois não se espalhou. 


No final de dezembro, não morreu esmagada pela queda do portão de tela por pouco. Estava sempre deitada naquele lugar para beber água, e naquele dia eu a tranquei dentro de casa. Momentos depois o Mac derruba a tela estragando várias plantas. 


Logo após o ano novo, sem nenhum aviso, nenhuma ocorrência estranha ela passa mal no final da noite. Começa a espirrar sangue... e de manhã mal consegue respirar. 
... e assim, tão de repente... ela se vai... sem se saber direito o que ela tinha ou teve. 


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