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segunda-feira, 23 de março de 2020

Snow

Snow

(22/07/2012 - 14/03/20)

Snow é uma pomba, e eu tenho verdadeira abominação em criar aves, porque elas precisam ficar em gaiolas... e eu acredito que elas devem ser livres.
Mas, a Snow é um caso à parte. Alguém deu um tiro nela e a asa foi decepada, contudo, ela não conseguiria mais voar.
E eu... fiquei num dilema - ou cuido dela ou a sacrifico.
Não tive coragem de fazer a segunda opção, e mesmo sem entender nada de aves a mantive comigo, e imagina o meu pânico quando descobri que o tempo de vida médio de uma pomba é de nove anos, e eu ainda tenho gatos e cachorros; e para piorar não entendo nada de criação de aves. Como ela iria sobreviver?
Ela não foi o único caso, outras quatro pombas também foram feridas, mas elas se recuperam porque só as penas foram danificadas e quando cresceram elas conseguiram voar novamente.
Destas pombas, o Black ficou com a Snow - formaram um casal, houve até um ovo cujo filhote não vingou, a Snow não deixou ela sobreviver (acredito que não queria o filhote preso numa gaiola); e o Black faleceu um tempo depois.
E a Snow ficou sozinha. Consegui uma gaiola para calopsita e fui criando uma pomba muito mais pela intuição... cometi muitos erros, principalmente com a alimentação, 


Todo dia pedia desculpas por não tratá-la como devia. Procurava dicas na internet, mas, pomba? tanto preconceito com a ave, difícil encontrar ajuda. Mas... fui cuidando. 
Sobreviveu aos gatos, cachorros, mudança da casa...
Descobri que pombas tem um cérebro equivalente a uma criança de cinco anos - então era muito esperta.
Demorou para conquistar a confiança, mas quando consegui era só dar um tapinha na mão para ela vir correndo para ser colocada de volta na gaiola. 
A gaiola era um porto seguro e ela gostava de ficar lá. 
Às vezes, eu a soltava para dar uma volta pela varanda, para esticar as pernas e as asas, tentava um voo, mas só conseguia girar, não subia mais de meio metro.
Sabia quando era hora de dormir e até hoje não entendo o estardalhaço que fazia quando eu pegava as cobertas que envolviam a gaiola. Em dias muito frios ela dormia dentro de casa.
Sabia quando eu acordava porque significava que as cobertas seriam retiradas. Sabia que quando eu chegava com a mangueira era hora de limpar a gaiola, passear pela varanda, comida nova e provavelmente dormir.
Quando era hora de limpar a gaiola era só dar um tapinha que ela pulava na minha mão para que eu a colocasse para baixo.


Eu sei que se sentia solitária... ficava olhando as pombas das ruas e estas vinham "conversar" com ela, volta e meia encontrava a Snow na mureta da varanda olhando os "amigos". Eu sei que ela queria um namorado, de vez em quando tentava montar um ninho e eu fornecia uns materiais para que ela fizesse algo.


Apesar de achar que fiz tudo errado com ela, acho que não foi tanto assim, afinal ela sobreviveu comigo por sete anos e oito meses - e eu nem sei a idade dela quando chegou a mim. Eu acho que não devia ter deixado ela tanto tempo sozinha, ela ficava na varanda, olhando o horizonte, normalmente sem companhia, às vezes, gatos ou cachorros ficavam lá. Se eu pudesse voltar teria deixado ela mais por perto.
Em dezembro ela começou a apresentar uns problemas de saúde e corre a procurar na internet como resolver, fui descobrindo remédios, formas de tratamento, mas ela nunca melhorou de todo. Melhorava um tempo e depois os problemas voltavam e pioravam.
Ela estava velhinha... não conseguia mais andar e usava as asas para se locomover, depois até se apoiava nas barras da gaiola para chegar até à comida.
E até sobreviveu mais que meus gatos e cachorros, foram duas semanas de definhamento, eles normalmente não aguentam tanto tempo. E por incoerência viveu muito porque estava numa gaiola, se fosse livre já teria partido há muito tempo. Ter comida, água e proteção deu um tempo que os iguais a ela não tem.
A Snow me ensinou muito, desde a respeitar os pombos que não são aves estúpidas que só fazem sujeira (mas, que elas mantêm o ambiente limpo das imundícies humanas, ninguém comenta), a observar sua inteligência, até a segura-la sem esmagar seus ossinhos. Eu recebi de uma pomba amor, carinho e respeito que não recebo de humanos.
Não me sai tão mal cuidando dela. Mas, espero nunca mais ter uma ave para cuidar - elas devem ficar livres, soltas.


 












domingo, 1 de março de 2020

Tais Fontes Nakamura


TAIS

Eu sempre faço uma homenagem, no meu blog, para aqueles que partem. E aí, o meu blog fica parecendo um obituário, e os que partiram nunca saberão o quanto eu gostava deles, principalmente porque não exponho meus sentimentos com facilidade.
Eu tenho poucos amigos, mas são maravilhosos e especiais, e deles aprendi muito e absorvo muito conhecimento deles.
Então, resolvi que vou homenagear meus amigos em vida, para que eles possam saber o quanto eles são importantes para mim... e estou começando pela Tais.



Eu conheci a Tais logo depois que me efetivei na E.E. Profª Glória Azedia Bonetti, mas estreitamos nossa amizade com o projeto 100 anos de imigração dos japoneses para o Brasil, em 2007. 
A Tais é meio japonesa, por parte de pai, e abraçou o projeto divinamente.
O nosso projeto foi aprovado e recebemos verba para montar um jardim japonês, com a participação dos alunos.

Foi a Tais que me apresentou ao Scrapbook e me viciou neste hobby, não que eu precisasse me viciar, adoro artesanato e o scrap é algo tão mágico e diferente que é impossível não se apaixonar.


A Tais é uma pessoa muito boa e esta bondade foi utilizada contra ela; extremamente focada na família o que provocava ciúmes doentios; uma pérola, que infelizmente tem sempre uma ostra por perto para tentar apagar o brilho dela. E do mesmo jeito que ela atrai admiradores - porque ela não só é muito competente como muito criativa -, ela atrai "haters", que na minha opinião sempre foi  inveja do talento e da felicidade que emana dela. Mas, isso nunca foi um problema para a Tais, pois o círculo de amigos que a admiram e gostam dela é muito maior e apagam qualquer coisa negativa que tenta cercá-la. 
Eu acompanhei dois momentos em que o brilho esmoreceu, eu a vi perder tudo e recomeçar do zero - duas vezes, e o que mais me admira nela é a capacidade de recomeçar, sempre e sempre... 


Uma profissional muito, muito competente, e que infelizmente, na nossa área - a educação - não é tão valorizada financeiramente.
Sempre vi a Tais - professora de inglês - trabalhando exaustivamente, desde a época em que ela subia e descia morros com uma mochila cheia e pesada, sempre carregando material e nunca tendo uma compensação financeira adequada...
 e, por isso, agora ela está se reinventando no Japão... aparentemente muito feliz... o que não deve ser fácil longe da família.
Eu espero que ela tenha muito sucesso, não só financeiramente, mas que ela seja muito feliz e muito amada... não só porque é um ser humano muito, muito especial, mas porque é iluminada!
Deus a abençoe!!!