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domingo, 15 de julho de 2012

Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson



Praticamente li o livro em uma semana... o que não é normal, uma vez que sou meio devagar com as leituras em geral, mas é um livro muito gostoso de se ler, ágil, um suspense que prende, e... atualmente, é difícil encontrar obras com este nível de capacidade. Houve trechos que não parei a leitura até descobrir como o caso foi solucionado, como quando Lisbeth foi violentada, tinha de saber como ela acabou com aquilo, e foi surpreendente!
Uma falha? Anita - como assim ela ficou quase quarenta anos sem saber o que ocorria na ilha, com relação à obsessão do tio, já que recebia visitas da irmã Cecília? Falhas esta que os dois diretores dos filmes tentaram "amenizar", "corrigir".
Detalhes interessantes: o frio extremo faz mal às mulheres. Tanto neste livro, onde a história passa-se na Suécia e outro, O Segredo do Túmulo, que ocorre na Finlândia, que são países com invernos abaixo de 20ºC, as mulheres sofrem com a violência, e são países desenvolvidos, com os melhores IDHs do planeta.
Outro detalhe: a Kalinda, da série "The Good Wife" com certeza se inspirou na Lisbeth para compor a personagem.
Acabei de ler o livro e em seguida assisti as duas versões cinematográficas.
Os filmes: o livro tem mais de 500 páginas, compreende-se que é difícil compactar os eventos em duas horas (no máximo) de filme, ainda mais que não havia histórias paralelas - tudo se concentrava em torno de Harriet e da Lisbeth... compreendo que arranjos devem ser feitos, fatos cortados, etc. 
Até hoje não presenciei uma obra quando transformada em filme pelo seu país de origem ser ruim, normalmente a adaptação é excelente, e Hollywood é normalmente quem deturpa as obras, transformando-as, às vezes, em aberrações. Para citar dois exemplos: "Asas do desejo" um lindo e poético filme alemão sobre anjos; e o horrível "Cidade dos Anjos", que me leva a chorar de raiva (só assisti uma vez, para nunca mais); outro, a minissérie de seis capítulos "State of play", um thriller jornalístico maravilhoso, inglês, com um final que fazem as lágrimas escorrerem pelo rosto, quando o jornalista abre mão do amor da vida dele pela verdade. E o seu homônimo hollywoodiano, sem emoção, sem adrenalina, sem lágrimas (imagina... um homem chorar na frente de uma câmera?) - insosso.
Infelizmente há uma exceção à regra. A versão sueca do filme é sofrível. Nem vou entrar na questão de mudanças de planos e linguagem cinematográfica, porque não entendo. Mas...


Fatos não só foram suprimidos (o que era de se esperar), mas foram inventados... O filme não respeitou o final que o autor deu ao livro,  não foi o final moralista (no caso de Harriet), de que a justiça deveria ser feita, etc., que o autor decidiu; e o próprio Mikael foi obrigado a aceitar para não destruir mais vidas, no livro ele fala que Henrik conseguiu fazer algo que nunca alguém havia conseguido: corrompê-lo. Lisbeth não era Lisbeth! A atriz é gorda perto da personagem, na obra ela tem aparência de 14 anos, porque é incrivelmente magra, todos pensavam em anorexia quando se encontravam com ela, totalmente arredia, mal conversava; a atriz não conseguiu transmitir a essência da personagem, principalmente porque no livro, sabemos o que ela pensa, o porque ela age como age, o ódio que sentiu quando foi violentada era palpável... O filme só valeu para ver a paisagem sueca, principalmente no inverno... que é deslumbrante, ouvir o idioma, que parece um canto delicioso , aprender como se fala alguns nomes... Só! (detalhe - descobri que os suecos tem sérios problemas com acne)
O segundo filme, versão de David Fincher, foi muito mais fiel à obra, agradável surpresa!
Lisbeth era mais Lisbeth (não deve ser fácil dar vida àquela personagem); quase nenhuma intervenção para deturpar a história (exceto com relação à Anita), boa sequência de fatos... agilizou os eventos... Com relação ao caso de Harriet, não deu abertamente um final moralista, deixou em aberto... foi ágil demais na finalização com o segundo eixo da história (o processo contra um empresário). Apesar de ter sido rodado na Suécia, a paisagem do primeiro filme surpreendeu mais.
Mas... nenhum dos dois filmes conseguiu captar o suspense, a euforia por descobrir o que estava por acontecer (pode ser porque eu já conhecia a história) Parte do livro estava sempre relatando o que os personagens estavam pensando, e isto se perde no filme, principalmente com Lisbeth.
Moral da história: SE LER, NÃO ASSISTA!

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