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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Rosely Francisco

Às vezes, temos alguém, que de tanto ter, não damos a devida importância.
As coisas mudam, o tempo passa... e o que temos agora? Somente a lembrança...



Setembro do ano passado a Rosely partiu... de forma tão inesperada e brutal que até hoje é difícil acreditar que realmente aconteceu. 
Sete meses foram necessários para escrever sobre ela e ainda dói saber que ela não está mais presente. 
Alguém, como eu, que estava desesperada para aposentar (e seria neste mês - de abril, que ela começaria a dar entrada na papelada), ter o devido descanso para seguir novos rumos, longe do intenso estresse que é trabalhar com alunos da rede pública.
Uma trabalhadora incansável, sempre correndo e controlando para ter tudo em dia... falando tão "baixinho" que a escola toda ouvia as broncas que os alunos levavam.
Uma pessoa que aprendeu mais na Coordenação do que na sala de aula - que foi amadurecendo, porque uma coisa é só trabalhar com aluno, outra é trabalhar com os pais, os professores, supervisores, equipe gestora - um serviço altamente desgastante.
E ela já não aguentava mais! 
Já não aguentava as ameaças que sofria por fazer direito e honestamente o seu serviço.
Os que estavam muito próximos a ela sabiam e compreendiam a agonia pela qual ela passava.
Quem realmente a conhecia sabia da artista talentosa que era - nos artesanatos e no crochê - trabalhos realizados com perfeição e invejável rapidez...
Para mim... é doloroso demais ver que este talento se foi, que não verei mais nada feito por ela, que não há mais a quem mostrar as novidades que aparecem - é um imenso vazio que não se preenche.
2017 veio com uma série de problemas de saúde para a Rosely, problemas que aumentavam e ficavam cada vez mais sérios acompanhados, também, por uma série de erros até que finalmente venceram e a levaram.
Às vezes, fico a imaginar... e agora? o quão desesperada ela ficou ao ter consciência de que partiu (sei que ela acredita no espiritismo) ou ela cansou de lutar e se deixou levar... Será? duvido, porque ela não deixaria a filha assim. 
A filha - Aimee, foi a primeira vez que vi um amor tão incondicional, tudo era para ela e em função dela. Uma intensa e constante preocupação pela felicidade da filha. Hoje, vejo outros casos, mas na época em que conheci a Rosely - esse amor era único. Nem estava acostumada a ver uma relação tão forte assim. A mesma relação pela família, sempre ajudando, correndo para resolver problemas - uma ligação forte demais não só com os pais, irmãs, mas também pelos tios e primos. Eram muito unidos, em tudo... aniversários, Natais, férias... todos juntos.
Foram 14 anos de amizade e convivência - efetivamos juntas no Estado, na mesma escola. Eu já estava lá quando ela chegou... e naquela época ela já estava com o Gustavo, eterno companheiro que a ajudou nos piores momentos...
Eu nunca fui de demonstrar o quanto gosto das pessoas, esse meu gostar não fica registrado em falas, fica registrado em ações, em ajudar sem ser necessário pedir. Palavras normalmente são falsas e vãs, é fácil falar e mais fácil ainda mentir - já presenciei demais disso... difícil é agir, fazer algo para ajudar sem a necessidade de um pedido, sem esperar por um reconhecimento.
Foi assim que demonstrei meu carinho e meu respeito pelo trabalho dela. Principalmente ano passado quando era visível que ela precisava de ajuda. 
Eu espero que a Aimee e o Gustavo estejam bem, apoiando-se mutualmente, assim como todos da família.
Às vezes, questionamos se nossa existência valeu à pena, se fizemos diferença... no caso da Rosely fez: ao fazer o trabalho com competência, ao ajudar aos alunos (e muitas vezes eles nem tinham consciência do quanto ela lutava por eles), ao amar incondicionalmente a filha e a família! 
Foi uma vida curta mas vivida plenamente com amor!
Que isto a mantenha em paz!