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sábado, 1 de fevereiro de 2014

O esplendor de uma orquídea!


Esta orquídea era um sucesso de cultivo.
É uma "Oncidium cruse".
Quando a comprei já era uma planta formada com flor e com várias mudas. Logo o vaso foi tomado por outras novas.
Depois da mudança de casa ela floresceu exuberantemente.
Mais de 30 pendões de flores.


Devia ter desconfiado que havia algo de errado.
As orquídeas quando sentem que vão morrer ou que sua existência corre risco explode em flores numa tentativa de perpetuar a espécie com a fecundação destas.


Depois da mudança muitas floresceram... e ingenuamente acreditei que elas estavam gostando da nova casa... não me lembrei de uma informação tão importante...



Quando percebi, tarde demais, esta orquídea estava definhando numa velocidade surpreendente, sem explicação...


Outras também... de repente... todas ficaram doentes.
Elas não gostaram da mudança!
Geniosas como são começaram um lento processo autodestrutivo.
Agora só me resta umas duas mudinhas fracas e uma desesperada tentativa de ressuscitá-las!
Porque posso nunca mais encontrar esta espécie!
(fotos : Hercilia P/ Osasco)


Álvaro de Campos/Fernando Pessoa

Em janeiro terminei de ler "Poesia Completa de Álvaro de Campos)" - Fernando Pessoa, Companhia de Bolso.
Não é um dos heterônimos preferidos, mas é possível encontrar a magia de Fernando Pessoa.
Parece loucura, já que Álvaro de Campos realmente não existiu, mas, é perceptível o envelhecimento do poeta dentro da poesia.
Depois de certa idade ele começa a pensar muito na morte, na vida que passou, no que deixou de fazer, na impossibilidade de corrigir erros ou restaurar o passado...
Pensamentos que atualmente andam passeando pela minha cabeça!

Fernando Pessoa/Álvaro de Campos IV

A fraternidade afinal não é uma ideia revolucionária
É uma coisa que a gente aprende pela vida fora, onde tem que tolerar tudo,
E passa a achar graça ao que tem que tolerar,
E acaba quase a chorar de ternura sobre o que tolerou!


Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.


Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.


(...)
E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.


Toca-me levemente uma saudade no braço
e eu viro-me... e eis no quintal da minha casa antiga
A criança que fui ignorando ao sol quem eu haveria de ser.


No fundo somos todos 
Românticos


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

(fotos: Hercilia P/ local: jardim da casa)